Dr. Fisiologia

Indústria Farmacêutica: potencial do mercado de saúde brasileiro 2025

Indústria Farmacêutica: potencial do mercado de saúde brasileiro 2025

Estamos vivendo uma era em que as decisões informadas por dados são um trunfo estratégico na indústria farmacêutica. Dados da Statista indicam que a receita do setor farmacêutico deverá superar os US$20 bilhões em 2024, com previsão de crescimento para US$26 bilhões até 2028. Esses valores destacam não só a oportunidade de investimento no Brasil, mas também a necessidade crítica de adotar uma abordagem baseada em dados para navegar as complexidades do mercado da indústria farmacêutica.

Neste artigo, vamos examinar os diversos aspectos do mercado de saúde no Brasil, dividindo nossa análise em quatro segmentos principais: indústria farmacêutica, saúde pública, planos e seguros de saúde, e health techs. Nosso intuito é oferecer uma visão abrangente mas simplificada, desde o impressionante crescimento da indústria farmacêutica nos últimos anos, até os desafios enfrentados pelo sistema de saúde pública, revelando as oportunidades e inovações que estão moldando este cenário dinâmico.

Qual o potencial da indústria farmacêutica no Brasil?

Principais características do setor de saúde no Brasil

Comparado ao cenário global, o sistema de saúde brasileiro se destaca por sua complexa interação entre os setores público e privado. O modelo misto, onde o Sistema Único de Saúde (SUS) opera ao lado de uma vasta rede de serviços privados, cria uma dinâmica única de desafios de coordenação e financiamento, ao mesmo tempo em que amplia o acesso às opções de cuidados de saúde.

Globalmente, o Brasil é reconhecido por iniciativas como a vacinação em massa e programas específicos de prevenção de doenças. A resposta à pandemia de COVID-19, por exemplo, foi um marco, com uma campanha nacional de vacinação que imunizou milhões de pessoas rapidamente, evidenciando a capacidade de mobilização do sistema de saúde brasileiro em diversas esferas.

No entanto, a diversidade cultural e socioeconômica do Brasil influencia profundamente a entrega e o acesso aos serviços de saúde. Disparidades regionais, socioeconômicas e de infraestrutura afetam a qualidade e a equidade dos cuidados em diferentes partes do país. Enquanto as capitais, especialmente na região Sudeste, oferecem instalações de ponta e uma ampla gama de especialidades médicas, áreas rurais e cidades menores enfrentam escassez de recursos e profissionais de saúde, dificultando o acesso a cuidados adequados.Para enfrentar essas disparidades, a tecnologia está desempenhando um papel crucial na transformação do setor de saúde no Brasil.

Avanços em telemedicina, inteligência artificial e análise de dados estão revolucionando a prestação e gestão dos cuidados de saúde. Embora o país ainda enfrenta desafios relacionados à infraestrutura digital e conectividade em algumas regiões, o potencial dessas inovações para melhorar a eficiência, qualidade e acessibilidade dos serviços de saúde é inegável.

Cenário econômico brasileiro

O relatório “Cenário Macroeconômico Global e Brasil 2024” traz uma visão das previsões econômicas para o próximo ano. De acordo com o documento, a economia global deve enfrentar uma desaceleração, com um crescimento estimado em 3%. Especificamente, espera-se que os Estados Unidos, a China e a União Europeia registrem crescimentos de 2,2%, 5% e 2%, respectivamente.

No Brasil, o panorama é otimista, com uma previsão de crescimento em torno de 2,2% para 2024. Este avanço será impulsionado por investimentos, criação de empregos e redução da taxa de desemprego. Esse cenário positivo também sugere uma recuperação no setor de saúde, que tem seu desempenho fortemente ligado às condições econômicas gerais do país.

Recuperação e penetração no mercado de serviços de saúde no contexto pós pandêmico

Durante a pandemia de 2020 e as medidas de isolamento social que se seguiram, os serviços de saúde, como consultas médicas, realização de exames gerais e atendimentos ambulatoriais, sofreram uma queda significativa, exceto aqueles diretamente relacionados à COVID-19. Desde então, observamos uma recuperação gradual, aproximando-se dos níveis observados antes da pandemia.

No terceiro trimestre de 2023, os números de consultas médicas, terapias ambulatoriais, internações e procedimentos odontológicos ainda estavam abaixo dos registrados em 2019. As consultas médicas por beneficiário apresentaram uma redução de 12%, enquanto as terapias ambulatoriais, internações e procedimentos odontológicos mostraram quedas de 4%, 6% e 6%, respectivamente. Entretanto, entre os procedimentos relatados ao SIP, os exames ambulatoriais registraram o maior aumento na relação evento/beneficiário. Embora tenha ocorrido um leve declínio no terceiro trimestre de 2023, houve um aumento de 15% em comparação com 2019. Adicionalmente, tanto as terapias quanto outros atendimentos ambulatoriais demonstraram crescimento em relação ao terceiro trimestre de 2022.

A pandemia e a posterior recuperação dos serviços de saúde no contexto pós-pandêmico têm gerado uma demanda crescente por medicamentos e produtos farmacêuticos. Esta demanda é impulsionada pela necessidade de tratar casos remanescentes de COVID-19, bem como outras condições de saúde que foram negligenciadas durante o período de restrições.

O aumento da conscientização sobre saúde e a busca por soluções preventivas também estão impulsionando a demanda por produtos farmacêuticos voltados para a saúde e bem-estar. O desenvolvimento de novos tratamentos e vacinas, junto com investimentos em pesquisa e desenvolvimento para atender novas necessidades de saúde pública, apresenta oportunidades promissoras para os próximos trimestres.

Segmentos no mercado de saúde brasileiro

Planos e seguros de saúde

O mercado de seguros de saúde no Brasil experimenta um aumento na demanda, impulsionado pelo crescimento da população de classe média que busca melhores opções de saúde.

Em 2023, as operadoras de planos de saúde reportaram à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) um lucro líquido total de R$3 bilhões. Esse valor representa aproximadamente 1% da receita total acumulada no período, que ultrapassou os R$319 bilhões. Em termos práticos, isso significa que, para cada R$100 de receita, o setor obteve cerca de R$1 de lucro. Este desempenho financeiro é o mais favorável desde o início da pandemia.

Projeções indicam que o mercado de seguros de saúde no Brasil deverá continuar crescendo significativamente nos próximos anos. O tamanho do mercado, medido pelo prêmio bruto emitido, deve alcançar mais de US$88 bilhões até 2024. Além disso, o gasto médio per capita no mercado de seguros de saúde deverá chegar a US$0,41 mil até 2024.

A expectativa é que o mercado mantenha sua trajetória ascendente, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 1,80% entre 2024 e 2028. Os resultados positivos em todas as áreas do setor de planos e seguros de saúde geram uma demanda contínua por serviços de saúde, o que, por sua vez, aumenta a necessidade por produtos farmacêuticos.

Saúde pública

O Sistema Único de Saúde (SUS) representa um marco na história da saúde pública brasileira. Criado pela Constituição Federal de 1988, o SUS tem como princípios fundamentais a universalidade, a integralidade e a equidade, assegurando a todos os cidadãos brasileiros o acesso gratuito aos serviços de saúde, independentemente de sua condição social ou econômica.

A cobertura de vacinação no Brasil é um exemplo notável do alcance e eficácia do SUS. Entre janeiro de 2021 e dezembro de 2022, o Brasil administrou 448,2 milhões de doses da vacina COVID-19. A cobertura da vacinação de reforço variou de 24,8% entre os adolescentes a 79,7% entre os idosos.

O SUS não apenas fornece cuidados de saúde acessíveis, mas também contribui significativamente para a economia da saúde no país. Sendo o maior sistema de saúde pública administrado pelo governo no mundo, seu alcance de praticamente 100% da população brasileira reforça essa responsabilidade e sublinha a importância de sua atuação na promoção da saúde e no bem-estar da população.

Health Techs

O Brasil está se destacando como um centro promissor para a indústria de health tech, com um notável aumento de 16,11% no número de startups de tecnologia em saúde entre 2019 e 2022. Esse crescimento está impulsionando uma revolução digital na saúde no país.

Os principais polos dessa transformação são os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, que concentram o maior número de startups ativas no setor de saúde. Esses estados estão promovendo a inovação em diversas áreas, com foco especial em planos e financiamentos, gestão de processos, exames e diagnósticos.

Startups promissoras como Weknow, Carefy, 3,2,1 Beauty, Munai e Kidopi, destacadas na premiação 100 Open Startups em 2023, estão à frente da transformação do cenário de saúde digital no Brasil. Essas empresas estão liderando a inovação e contribuindo significativamente para o avanço da tecnologia em saúde no país.

Indústria farmacêutica

Em 2020, a indústria farmacêutica no Brasil atingiu um valor de produção superior a R$52 bilhões, com medicamentos representando 95% desse total. Em 2021, o mercado farmacêutico brasileiro movimentou mais de R$88 bilhões, ou aproximadamente 14,92 bilhões de dólares, destacando a robustez financeira do setor.

Além do crescimento em números, a indústria farmacêutica brasileira está se destacando em inovação e pesquisa. Houve um aumento significativo no setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), impulsionado pelo Ministério da Saúde, por meio da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aceleraram os ensaios clínicos para incentivar os investimentos locais.

Relatório completo para a indústria farmacêutica

Para obter uma visão mais detalhada e aprofundada da indústria farmacêutica no Brasil, acesse o estudo completo aqui. Neste material exclusivo, você encontrará análises extensivas, dados atualizados e insights estratégicos que podem impulsionar suas decisões de negócios e investimentos no setor. Não perca a oportunidade de se informar com as melhores práticas e tendências que estão moldando o futuro da saúde no país.

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Referências
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Boing AF, Boing AC, Barberia L, Borges ME, Subramanian SV. The Brazilian vaccine divide: How some municipalities were left behind in the Covid-19 vaccine coverage. PLOS Glob Public Health. 2023 Nov 10;3(11):e0002493. doi: 10.1371/journal.pgph.0002493

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