Não podemos negar que o médico é um grande influenciador na área da saúde, pois são estes profissionais que encaminham pacientes para outros especialistas, para realização de exames, prescrevem medicamentos, dentre tantas outras ações.
Reconhecendo isso, a indústria farmacêutica investe aproximadamente 60 bilhões de dólares por ano, apenas nos Estados Unidos, em atividades promocionais para incentivar o uso de seus produtos, com ações destinadas principalmente para médicos e outros prescritores.
Neste conteúdo vamos abordar os diferentes pontos de contato entre profissionais da saúde e indústria farmacêutica e apresentar dados de um recente artigo científico sobre a influência desta interação para a decisão de prescrição.
Qual a influência da indústria farmacêutica na decisão por prescrição?
Durante a formação em medicina, os estudantes geralmente já iniciam interações com a indústria durante o primeiro ano do curso. Essas interações aumentam ao longo da graduação e se intensificam durante a especialização.
Tudo isso vai refletir durante a prática clínica, pois apesar da ampla literatura médica disponível, cada vez mais o conhecimento médico sobre os medicamentos tem se correlacionado com os materiais de marketing farmacêutico. Além disso, vários estudos encontraram uma associação entre visitas de representantes de vendas farmacêuticas e aumento da prescrição do medicamento promovido.
Quais são atividades promocionais de medicamentos?
As atividades promocionais podem assumir muitas formas, dentre elas:
- Ligações de representantes de vendas farmacêuticas;
- Interações com MSLs (Medical Science Liaison);
- Auxílios de vendas;
- Campanhas de anúncios direcionadas para médicos;
- Distribuição de amostras de medicamentos e
- Educação médica continuada patrocinada.
Estudo analisou o contato de médicos com a indústria farmacêutica
Um estudo publicado na Research in Social and Administrative Pharmacy, em outubro de 2021, analisou o contato de médicos e enfermeiros com a indústria farmacêutica. Os pesquisadores conduziram uma pesquisa on-line nos Estados Unidos com 2.000 profissionais de saúde, entre médicos de atenção primária, médicos especialistas, médicos assistentes e enfermeiros.
Vale destacar que os médicos de atenção primária eram médicos da clínica geral ou especialidades de medicina interna. Já entre os especialistas entrevistados havia médicos cardiologistas, dermatologistas, endocrinologistas, neurologistas, obstetras/ginecologistas, oncologistas, oftalmologistas, psiquiatras, reumatologistas e urologistas.
A pesquisa foi conduzida com uma análise fatorial da frequência de contato em vários canais ou locais, como visitas presenciais, participação em conferências, jantares patrocinados pela indústria e contato online, a estes profissionais da saúde.
Pontos de contatos com médicos
Sobre as visitas presenciais, o estudo apresentou que 75% dos profissionais da saúde indicaram que sua prática permitia visitas de representantes de vendas farmacêuticas. Aproximadamente 53% dos entrevistados relataram receber uma visita de representantes de vendas farmacêuticas 1x por semana ou mais.
80% dos participantes da pesquisa relataram que durante as visitas presenciais eles receberam dos representantes folhetos para pacientes, 79% ganharam amostras de medicamentos, 69% alimentos/bebidas e 42% receberam materiais auxiliares contendo informações sobre o produto, durante os últimos 12 meses.
Nos contatos por meio eletrônico, 40% relataram contato com representantes da indústria online durante os últimos 12 meses. Quanto as participações em sessões de conferências profissionais patrocinadas por uma empresa farmacêutica, 80% relataram terem participados de uma ou mais sessões durante os últimos 24 meses.
Em média, os profissionais de saúde relataram participar de 2 a 3 reuniões de jantar patrocinadas por farmacêuticas a cada ano. Mas, neste tipo de contato por meio de jantares, houve diferença entre os profissionais, onde a participação de médicos de atenção primária foi significativamente menor em comparação com médicos especialistas, assistentes médicos e enfermeiros.
Alguns resultados apresentados pelos autores do artigo científico
Desta forma, os resultados do estudo mostraram que o contato com a indústria ocorreu por meio de vários canais e proporcionou diversas oportunidades de recebimento de informações sobre prescrição de medicamentos. Assim, os autores do estudo sugerem que esses pontos de contato contribuem para um aumento da influência da indústria farmacêutica nas decisões dos profissionais de saúde sobre a prescrição de medicamentos.
Os resultados desta pesquisa também indicaram que os médicos de atenção primária e especialistas relataram níveis mais baixos de influência da indústria farmacêutica, quando comparados com enfermeiros e médicos assistentes.
A influência na decisão para prescrição
Analisando este artigo, percebe-se que a exposição e a atenção às promoções farmacêuticas e o contato com a indústria foram significativamente associados ao aumento relatado na influência da indústria farmacêutica nas decisões sobre medicamentos prescritos.
Outro resultado interessante que podemos evidenciar é que os médicos especialistas foram significativamente mais propensos a prescreverem uso off-label para seus pacientes. Além disso, este mesmo grupo se mostrou mais disponível para atuar como líderes de opinião para a indústria farmacêutica em comparação com os outros participantes.
Um ponto de atenção nesta interação
Todos estes pontos de contado da indústria farmacêutica, desde a formação médica até a atuação clínica, exige dos profissionais e estudantes avaliação crítica das atividades promocionais. Afinal, uma publicação de 2007 no Annals of Oncology indica que materiais desenvolvidos pela indústria direcionados a profissionais da saúde podem conter dados extraídos de estudos clínicos que carecem de contexto.
Por isso, os profissionais de saúde devem se manter atentos aos conteúdos compartilhadas e sempre verificar se as informações têm embasamento científico e se o contexto do estudo foi preservado.
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Referências:
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